Eu quero ter uma casa com quintal. Ou um apartamento em um prédio com jardim.
Eu quero uma casa com música nas manhãs de sábado e domingo, como tinha na minha infância. De preferência, Tropicália, para combinar com o sol (vou morar num lugar com bastante sol, ainda que não faça calor o tempo todo).
A casa vai ser iluminada, ventilada, com algumas coisas – nem muitas, porque junta poeira, nem poucas, para não parecer uma casa de mostruário. Vai ter fotos, objetos de viagem – eu quero viajar muito -, um sofá confortável e uma cozinha ampla. E uma rede, eu quero uma rede.
Eu quero filhos filhos espertos, inteligente e falantes, mas educados. Não vão gritar à toa, mas quero que tenham a capacidade de se empolgar com as menores descobertas.
Eu quero que eles tenham janelinhas deliciosas, enormes, quando os dentes começarem a cair, e que abram sorrisos pra mostrar pra todo mundo essas janelinhas. E vão cantar bem alto e desafinado “só, só, somente só, assim vou lhe chamar, assim você vai ser” junto comigo e o pai delas, nas manhãs de sábado e domingo.
Eu quero que meus amigos frequentem a casa, e que os amigos do meu marido também, e que os amigos dos meus filhos também, e que os amigos dos amigos de todo mundo também. Eu quero que seja uma casa onde todos se sentem à vontade, inclusive para ajudar a lavar a louça ou para tirar uma soneca no sofá.
Eu quero ter cachorro e gato. Mas um de cada, e só, para sobrar espaço caso apareça um filhote abandonado para a gente cuidar e doar depois. Eu quero dividir as tarefas de casa entre todo mundo, sem brigas, nem discussões. Eu quero ter sempre comida boa em casa, gostosa e saudável. Eu quero poder comer chocolate sem sentir culpa.
Eu quero estar rodeada de gente interessante, diferente, e quero ensinar aos meus filhos a lidar com as diferenças. Eu quero que meus filhos mudem o mundo. Quero que meu trabalho seja fonte de renda, prazer e realização, mas não o centro da minha vida.
Eu quero uma vida leve, que não atrapalhe… minha vida. Isso é o que eu quero.